Caríssimos no Senhor Deus
No livro do Apocalipse o Senhor exorta por meio de
João: “Mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor. Lembra-te,
pois, donde caíste. Arrepende-te e retorna às tuas primeiras obras. Senão,
virei a ti e removerei o teu candelabro do seu lugar, caso não te arrependas.”
(Ap 2,4-5).
A Igreja refreou o enriquecimento pela venda de
custo abusivo das relíqueas, mas também é condenável a comercialização das
coisas sagradas, se elas visam somente o lucro e não o bem das pessoas. Como
disse o Papa: “Não é o martalismo que salvará as pessoas, mas o bem que provém
àqueles que buscam a Deus na oração e em uma intimidade com Deus, obtém toda
sorte de graças e regozijos em suas vidas”.
Atos 8,20-23 – Pedro respondeu: “Maldito seja o teu
dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro! Não
terás direito nem parte alguma neste ministério, já que o teu coração não é
puro diante de Deus. Arrepende-te desta tua maldade e roga a Deus, para que,
sendo possível, te seja perdoado este pensamento do teu coração. Pois estou a
ver-te no fel da amargura e nos laços da iniquidade”.
Aquele que conhece o Pai, eu quero dizer: conhece a
Deus, é o Filho e a quem o Filho, Jesus, o quiser revelar. Por meio de Jesus
temos meio de conhecer a Deus.
Aquele que estava com o Pai desde o princípio dá
testemunho daquilo que é espiritual, aquele que do céu desceu e veio para o
meio de nós, que voltou para donde veio dá testemunho da realidade da vida
presente e da vida espiritual, oculta aos nossos olhos materiais, mas que são
mais concretos por já não serem transitórios, mas se revestem de eternidade em
Deus.
O Papa Bento XVI revelou que é para o ser humano
salutar conhecer Jesus porque sem Ele a pessoa fica, para si, um enigma
indecifrável, enquanto o conhecimento de Jesus abre nossos olhos para aquilo
que somos, donde viemos e para onde estamos rumando.
A idade infantil e juvenil é tempo para formar
nossa consciência, educar nossos instintos, escolher por preservar-se a
entregar-se à caminhos de morte e destruição. As coisas fúteis do mundo não
podem nos encher, em vão nos atiramos loucamente neles, cairemos no nada de uma
alta altura, nos arrebentaremos física e espiritualmente.
Eu aconselhei isto a crianças: “Aquele que cuida do
seu espírito foge de más ações, guarda-se de maltratar os outros, guarda-se de
abusar dos outros, se empenha em fazer o bem aos outros. Aquele que se afasta
de Deus se torna cada vez mais debilitado na sua alma, se animaliza mais e mais
e se torna refém do mal que fez, até que este se torne um vício difícil de ser
erradicado de sua forma de agir consigo mesmo e com os outros”.
Sempre é tempo de procurar vencer a infantilidade
que graça em nós, enquanto não acolhemos com amor a cruz das responsabilidades
do dia a dia não a vencemos.
O tempo adulto, em que a maturidade e a
responsabilidade já dão seus frutos na pessoa, é tempo para a tomada de
decisões para que perdurem e se mantenham sempre estáveis e equilibradas. É
preciso vencer toda mimação, toda falha de educação limitada por pais que não
tiveram boa formação, mesmo os que tiveram, é sempre um grande desafio formar
uma pessoa. Ser uma pessoa próxima de ser um especialista em educação humana
pode favorecer a que sejamos bem sucedidos nesta missão, mas há riscos de que
esta empreitada possa dar resultados bem contrários àqueles que aspirávamos
para nós e para os nossos.
É prerrequisito indispensável de um marido, para
criar uma família a responsabilidade para cuidar das necessidades de seus
filhos, que ele saiba cuidar de harmonizar sua família, cuidando de favorecer a
autoridade da mãe sobre seus filhos, exercendo esta também para com seus
filhos, amando-os de maneira exigente, num amor exigente.
O que é fácil e prazeroso, por vezes é venenoso a
nossa existência, o que é estreito e penoso, aquilo que pode favorecer a nossa
vida.
O mundo, bem do maligno, é um circo de horrores,
feito para fascinar os ingênuos, e ignorantes, que por falta de formação e
esperteza escolhem se entregar a este mundo de brilho, mas que de conteúdo nada
tem senão um encanto criado para destruir e explorar.
Atrás daquele que é aparentemente horrível aos
olhos, Cristo chagado e crucificado, se obtém Dele toda a vida, mas mais que
para um milagre, uma pequena melhora, uma restauração sem precedentes acontece
naquele que se abandona a Jesus, Nele se encontra o Pantocrator, o mais belo
dos homens, a beleza que se encontra no coração e na alma, numa alma três vezes
santa e pura, perfeita e divina.
O maligno é diferente, ele tem duas caras, parte do
seu rosto é branco, a outra parte é negra, ele representa a dualidade, a
falsidade, se transveste de anjo de luz, mas é pai das trevas, se transveste de
santidade, mas seu interior e cheio de corrupção e perversidade, interesse e
monstruosidade.
Interrogado sobre a subjetividade das verdades
bíblicas por um conhecido na rua, eu disse: “Eu creio na verdade dos feitos de
Jesus e de Deus, os que vivem fugindo da verdade não veem seus feitos, mas os
que os experimentam os atestam como verídicos, é preciso que as pessoas revejam
suas posições no que se tratam a respeito disto, creio que advém de uma
influência racionalista e iluminista que subverteu até mesmo a formação
teológica, que ainda não foi erradicada”.
É preciso rever a influência antropológica, que
profanamente pensa em se imiscuir naquilo que não é de sua alçada, que por
desejo de comodismo e alienação de uma reta moral, aspiram subverter os
princípios cristãos. Por isto vemos tantos atentados a uma consciência pura e
digna para formar nas pessoas uma consciência animalesca desde a infância, com
base na escola e com respaldo legislativo, quase que passou, por 11 a 9, as
PPPs de Ideologia de Gênero, brigaram no ano passado, não conseguiram, brigaram
este ano e não conseguiram, mas não deixarão de fazê-lo.
Aos poderosos é muito interessante esta liberação,
é uma alienação de outros direitos que as pessoas poderiam requerer, cito:
diminuição dos juros e dos impostos sobre bens e serviços que poderiam
favorecer maior acesso aos recursos alimentares e de outra ordem, políticas que
favoreçam o desenvolvimento estudantil e profissional, habitacional, de saúde,
segurança etc.
Vem tempo vai tempo e as prioridades da população
não mudam, os poderosos lhe dão pão e circo e isto os satisfaz, mesmo que lhe
falte todo o resto, o indispensável e o salutar.
Mons. Jonas Abib nos alertou na revista de julho
que é tempo de plantar, a boa semente da Palavra de Deus. Ela tem, neste tempo
presente, liberdade para ser semeada, felizmente em nosso país, na atualidade,
mas se crê que num futuro as pessoas terão fome da Palavra de Deus e não
poderão ter acesso a ela, por isto urge nos empenharmos em anunciá-la para que
os frutos do Reino aconteçam no meio de nós.
Inquieto-me de desejo de levar a Boa Notícia, mas
muitos têm olhos apenas para o passageiro, entesouram para esta vida e dela nada
levarão para a eternidade, guardam-se de fazer o bem ao seu semelhante,
enquanto poderiam levar para junto de Deus a riqueza de uma caridade praticada
para com o necessitado, para que desse testemunho dele diante de Deus da
misericórdia que demonstraram para com seus semelhantes.
O convívio social depende da fé em Cristo Jesus, no
Espírito Santo que Cristo nos deu gerará em nós a unidade social, abandonados
ao maligno não criaremos mais que divisões.
O convívio social depende da misericórdia, pois
somos pecadores e miseráveis, é preciso agirmos com misericórdia para buscarmos
viver mais e mais harmoniosamente com nossos irmãos e irmãs, que precisam, como
nós, superar todas as suas misérias, para que possamos ter acolhidos diante de
Deus nossas pessoas cheias de misérias. Se não perdoamos as misérias de nossos
irmãos como haveremos de ser perdoados por Deus de nossas misérias? Ele que nos
ama mesmo embora sejamos tão cheios de misérias. Como Ele nos perdoou devemos
nos perdoar e nos acolher mutuamente, tratando de favorecer os irmãos ao invés
de os ver como ameaças, enquanto nem mesmo sempre estão tão interessados em
serem ameaças a nós.
Precisei de uma frase para testar programas de
computador, elas apareceram mais e mais presentes tanto mais estrutura eu dava
ao algoritmo, sem cessar ela apareceu diante de mim: “Se queres amor, dê
amor”. No Sermão da Montanha Jesus disse algo similar.
Só o amor cura, restaura relações, a paciência que
dele decorre espera o tempo devido para criar laços, refazer laços rompidos,
estreitar relações, criar vínculos que de fato são estáveis, se são firmados em
Deus.
Não criem falsas esperanças, não há relações
perfeitas, não há pessoas perfeitas, o amor tem encrustrado em si a dimensão de
misericórdia, sem a qual ele não pode se conservar. Ele, contudo é pleno quando
é integral, ou seja, é misericordioso.
Sejam prudentes, não vivam como o muar que ao
arreio submete seu ímpeto, eu não digo que sejais rebeldes, uma alma rebelde já
é uma alma perdida, ela já é ganha pelo perdedor, vencido uma vez por Cristo
Jesus; o que se torna submisso a Deus e à sua vontade constrói sua vida e sua
casa na eternidade, adornada de pedras vivas de almas resgatadas pelo nosso
testemunho de verdade de fé aos nossos companheiros de viagem nesta jornada da
vida.
De um curso de teologia católica aprendi que a
Igreja crê e professa sua fé em Jesus, a Igreja foi fundada sobre a verdade de
Cristo e não sobre uma fábula. O testemunho de Cristo Jesus não se resume a Ele
mesmo, mas também ao Pai, Ele fez certos sinais, mas pediu também ao Pai que o
fizesse, obras que não iniciaram com a sua vinda, mas os precederam em muito
tempo atrás pelos feitos de Deus ao seu povo escolhido.
Há pessoas dominadas pelo demônio que por não
poderem rasgar a Bíblia, só podem semear a confusão na sua interpretação,
querendo dissociar o que é histórico do que é teológico, pensam profanamente em
dissociar verdades religiosas de realidade.
Destes falsos profetas o Senhor falou deles no seu
tempo que viveu conosco, deles ele disse: “Serão declarados os menores no Reino
dos céus aqueles que aprendem a fé e anunciam de modo contrário, mas os que
aprendem corretamente e os testemunham coerentemente à verdade serão tidos como
maiores no Reino dos céus”. Deus é verdade e não mentira, Deus é Deus e não
homem para desdizer-se, é Deus e não homem para não mentir.
Se os planetas são estabelecidos no céu, foi porque
Deus fixou seu alicerce pelas forças que Ele controla, que melhor que relógio elas
funcionam perfeitamente. Aquele que quer se dar a uma construção deve favorecer
que ela tenha um sólido alicerce, se vale de conhecimento, se funda em ideias
tradicionais e confiáveis para construir uma edificação.
Aos que aprenderam a viver de modo a ter noção da
vida e gerenciá-la com um mínimo de discernimento é escandaloso como o mundo
quer cuidar das realidades da vida, banalizando-as, agredindo-as,
humilhando-as, abusando delas, como se fosse um material que se usa e joga
fora, se é útil deve ser abusada enquanto se pode, se se dura mais, se abusa
mais, se não vale é desprezado, não me refiro às coisas, mas às pessoas. Com
mais amor se acolhe as coisas que as pessoas. Não raro, se amam as coisas e se
usam as pessoas.
Se não formos capazes de discernir em nossa
consciência o que é verdade religiosa do que é fábula religiosa não teremos
meios de anunciar: vivamente, corajosamente, resolutamente e embuidamente a fé,
pois sempre poderemos ser desmentidos por aqueles que nós mesmos instruímos,
porque dizemos que a fé existe na mente dos que a imaginaram e não que ela é
fruto de atos históricos que comprovam a veracidade de Deus e de seu Cristo.
Ao idoso basta uma cadeira e um lugar tranquilo
para tirar um cochilo, mas ao que pretende se formar na fé e anunciá-la,
exige-se dele seriedade, maturidade, zelo e respeito para com as coisas sagradas,
para que acolha com a devida consciência a importância e grandeza que a fé tem,
o primeiro lugar em nossa vida, para que depois possa anunciar corretamente a
fé, sem parte com o maligno, sem parte com a perversidade antropológica de
homem cheios de pretensão, orgulho, soberba, arrogância, que pensam que, por
terem suas estantes cheias de terra de crematório são as criaturas mais cheias
de discernimento da face da terra.
Quando se ouve os que falam em nome de Deus, é Deus
mesmo quem fala neles, se ouve a Deus e não homens e mulheres que recebem a
glória uns dos outros, sem considerar que a glória é só de Deus e o benefício
não deve ser reservado a eles, mas primeiramente aos que realmente carecem,
sinal de verdadeira humanidade espiritual e teológica.
Quero terminar com a oração de São Inácio de
Loyola, fundador dos jesuítas, cujo seguidor mais ilustre da atualidade é o
Papa Francisco, desta ordem rigorosa, que mais que os votos de pobreza,
obediência e castidade, tem também o voto de obediência incondicional ao Papa,
que os fez ir a todos os lugares da terra e prestarem um inestimável serviço de
evangelização no mundo.
Oração de São Inácio de Loyola
Tomai. Senhor, e recebei toda a minha liberdade e a
minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que
tenho e possuo vós me destes com amor. Todos os dons que me destes com gratidão
Vos devolvo. Disponde deles, Senhor, segundo a Vossa vontade. Dai-me somente o
Vosso amor. Vossa graça. Isto me basta, nada mais quero pedir.
Isaías 61,11 – “Porque, quão certo o sol faz
germinar seus grãos e um jardim faz brotar suas sementes, o Senhor Deus fará
germinar a justiça e a glória diante de todas as nações”.
Ad maiorem Dei gloriam.
Adriano